quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Relato do Congresso - Lauro Costa



Olá, companheirada!


Que beleza que foi o nosso Congresso!!!


Estávamos precisando desse momento de reafirmação de nossa caminhada e mostrar que a chama está mais acessa do que nunca. Estávamos precisando dessa fonte para nos embebedarmos e reanimarmos para as nossas lutas cotidianas e acreditar mais ainda que somos fortes quando percebemos que não estamos sozinhos nessa batalha pela vida, justiça e consciência de que somos capazes de mudar a situação de desconforto que todos nós, jovens empobrecidos, vivemos diariamente.


Tive a oportunidade de participar de alguns momentos de construção do congresso e vi o quanto que a juventude do NE3 se empenhou para fazer esse congresso acontecer, assim como outras pessoas de outras regiões.


Foi bastante comentada por companheiros do NE2 a ausência de momentos que falassem do criador da pastoral, Dom Hélder Câmara, que este ano comemoramos o seu centenário. Outro fato bem perceptível é a ausência de nós jovens do NE2 na construção do congresso, nós que até então tínhamos construído e acolhido os congressos anteriores.


Destaco alguns momentos muito fortes do congresso. Um deles foi a fala do Pe Alberto Panichella onde ele destacou três pontos importantíssimos para a nossa caminhada: “Muita reza, muita luta e muita festa”. É preciso acreditarmos na presença do Cristo libertador na nossa vida e no evangelho, que narra a vida de Jesus e a luta do povo de Deus pela libertação, contra a opressão. As lutas que hoje travamos quando colocamos em discussão na própria igreja ou em vários espaços da sociedade a condição de nós marginalizados, sem-terra, homossexuais, agricultores, pescadores, desempregados, cidadãos, sobre os riscos do consumismo exacerbado imposto pelo capitalismo e a politicagem que se torna cada dia mais comum na nossa realidade. Muita festa para celebrarmos as nossas vitórias, nossas conquistas, nossos encontros e reencontros, nossa fé, nossa resistência, nossa história, a afetividade e a alegria juvenil. O momento foi finalizado com brado das palavras de ordem: “essa é a nossa conduta: é luta, é luta, é luta!”


Outro fala que me recordo e que merece destaque é a do companheiro Sérgio, de Alagoas, quanto a necessidade de nos policiarmos quanto aos nossos princípios, com tantas mudanças devemos parar para pensar: o que queremos, lutamos por que, por quem, pelo que qual o nosso posicionamento hoje diante das condições em que os fatos chegam até nós, principalmente em relação à política, mesmo sabendo da relatividade dos fatos e das condições a que cada um de nós nos sujeitamos.


Um terceiro momento, para mim o mais importante, foi o ato contra a transposição do Rio São Francisco, sobre a ponte, quando afirmamos nossa luta nossa força e “paramos a ponte”. Lembro-me com muita emoção das palavras do Pe Cláudio dirigidas aos guardas de um carro forte que chegaram a apontar armas para a juventude presente: “pois saibam que não se atira nem em bandidos, por que também é vida e nós estamos aqui pela vida e não pela morte”. Em seguida, houve um minuto de silêncio para ouvirmos o som da natureza, o clamor da natureza, da vida.


No retorno para casa, no ônibus, fizemos um momento de reflexão sobre o que foi o congresso e o que estávamos levando de volta para repassar para quem não pode ir e observei alguns depoimentos interessantes, emocionantes, sobretudo por tratar-se de um grupo muito novo na caminhada pastoral, boa parte nem havia participado do congresso anterior e alguns nem mesmo tinham experimentado a realidade de grupos de jovens, em contrapartida, havia jovens que participaram do congresso dos 20 anos.


Uma jovem me falou que “não sabia que na PJMP tinha tanta gente de todo lugar” entendi que para ela era como se fosse somente algo local, da nossa realidade, sem força. Outro afirmou que até então tinha uma opinião contrária a defendida pela PJMP quanto à transposição do Rio São Francisco (um estudante de Geografia) e disse que foi muito importante o esclarecimento de quem vive a realidade do “Velho Chico” (seu potencial natural versus a politicagem da transposição) para entender o que estão querendo fazer de fato.


Um jovem que assessorou a oficina juventudes e mundo do trabalho, integrante da Rede de Jovens do Nordeste relatara que até então desconhecia a força da PJMP, assim como sua mística e se impressionou com o potencial dos jovens que participaram de sua oficina. Houveram também algumas falas de pessoas afastadas que se comprometeram em voltar às atividades pastorais. Outro aproveitou o momento para pedir ajuda na rearticulação de seu grupo de base, tendo em vista suas dificuldades pessoais. Outros jovens, iniciantes na caminhada me disseram que preferiram participar da oficina Trem da história por que era a forma que eles encontraram de conhecer um pouco mais da pastoral, de como se idealizou e desenvolveu-se a PJMP.


Enfim, esses relatos servem para mostrar o poder de transformação que o nosso 3º Congresso teve. Cada um e cada uma de nós que fomos a Bom Jesus da Lapa vimos o quanto é importante a nossa participação, nossa contribuição na construção de um mundo mais justo, fraterno, livre de opressões. Mas precisamos fazer muito mais, precisamos tornar realidade esse sonho em mutirão e os primeiros passos devem ser dados na tentativa de reorganização, crescimento e reestruturação da pastoral, percebidas a partir dos encaminhamentos da Assembléia Nacional, que ficou apagada por ocorrer junto ao congresso, onde foi aprovado um novo modelo de secretaria (equipe de serviço composta por 5 jovens) e de representatividade da comissão nacional( agora por estado e não por regional). As deliberações nos foram apresentadas: lutemos para um Brasil mais justo, pela nossa pastoral melhor articulada e organizada e que, de fato, possamos representá-la nos diversos espaços que podemos ocupar em nossa sociedade. Trabalhemos também por uma igreja libertadora e inclusiva, em que o povo tenha voz, vez e participação.



“É hora de transformar o que não dá mais, sozinho, isolado, ninguém é capaz. Por isso, vem, entra na roda com a gente, também, você é muito importante!”


Lauro Costa
Representante Regional da PJMP - Nordeste 2
Arquidiocese de Natal

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